Páginas

domingo, 19 de maio de 2013

História do Pensamento Administrativo - Responsabilidade Social Corporativa ( RSC )

- Responsabilidade Social corporativa (RSC):

Em algumas empresas restringe-se a programas e projetos sociais voltados para a comunidade; outras empresas focam problemas sociais e desenvolvem programas de combate à exclusão social, redução local e do analfabetismo, combate á violência, redução de doenças, etc. Outras empresas atuam ainda como verdadeiros agentes do desenvolvimento regional, com ações geradores de empregos, cooperativismo e formação de grupos de natureza sustentável.
- A RSC se relaciona com a ética e a transparência na gestão dos negócios; e reflete em decisões que influenciam a sociedade, o meio ambiente e o futuro da empresa.
- A empresa que se preocupa com o bem estar e melhoramento da qualidade de vida dos empregados, suas famílias e comunidade em geral produz a riqueza voltando-se para a criação de valor para todos os públicos com os quais se relaciona. Ao produzir a riqueza com a foco na sustentabilidade, a empresa se compromete a exercer a responsabilidade social.

- Diferença entre filantropia e RSC: 
Filantropia é a relação social da organização para com a comunidade. É uma ação social isolada e trata de ação social externa da empresa. Ex: Conselhos Comunitários, Organizações não- governamentais, associações comunitárias, etc.
A RSC faz parte do planejamento estratégico da empresa, trata diretamente dos negócios e de como ela os conduz. É instrumento de gestão. Engloba preocupações com o público maior (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), cujas demandas e necessidades a empresa deve buscar entender e incorporar os seus negócios.

- Primeiras instituições promotoras das idéias praticas de RSC em nosso país: 
GIFE, Abrinq e Instituto Ethos. O IBASE divulgou o primeiro modelo de Balanço Social das empresas; e Herbert de Souza (Betinho) teve grande contribuição com as suas campanhas contra a fome.

- Muitas empresas acham que desenvolver ou financiar programas e projetos sociais é suficiente para exercerem a prática da RS, mas a empresa verdadeiramente social é aquela que tem a prática da RS como um de seus valores básicos, e tais valores são compreendidos e praticados por todos os seus empregados e parceiros; e isso só se consegue por meio de ações estratégicas de difusão da RS. 

- Para Milton Friedman, a única responsabilidade dos negócios é gerar LUCRO. 


 - Os antifriedmanianos pregam a RS, por meio de doações, patrocínios e investimentos em ações sociais, com foco na busca de soluções para os problemas sociais da comunidade, de forma a reforçar sua imagem. Com boa imagem no mercado, a empresa fortalece sua posição competitiva, melhora as relações com seus funcionários, clientes, fornecedores, parceiros, governo e comunidade, e assim, obtém novos lucros em seus negócios. 
- O social e o ético também são lucrativos: uma empresa que melhora as condições de trabalho (aumentando a produtividade), valoriza os clientes, apóia a comunidade, preserva o meio ambiente, obtém ganhos de imagem e ganhos financeiros, reduz os seus custos, o que contribui para o aumento dos seus lucros.

- Benefícios que a empresa obtém ao praticar a RSC: 
Facilita o acesso ao capital dos investidores, principalmente estrangeiros;
Reforça a visibilidade da marca e aumenta as vendas,
Ajuda a gerenciar os riscos;
Facilita a tomada de decisões;
Motiva os empregados;
Fortalece os vínculos comerciais e sociais da empresa;
Gera valor. 

- Ação social: 
É o conjunto de atividades que as empresas realizam em benefício da comunidade externa (desde pequenas doações à pessoas até projetos mais estruturados), como também benefícios não obrigatórios por lei que destinam aos seus empregados e seus familiares. 
As ações sociais de uma empresa podem ser direcionadas para um ou mais campos de atuação: 
*  Reduzir os problemas sociais; 
* Atuar como agente de evolução social e/ou
* Contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável.


- Instrumentos reguladores das ações de RSC:

- O Pacto Global da ONU defende 10 princípios em quatro áreas: 
* Direitos Humanos (respeitar, proteger e impedir violações dos Direitos Humanos); 
* Direito do Trabalho (apoiar a liberdade de associação no trabalho, abolir o trabalho forçado, abolir o trabalho infantil, e eliminar a discriminação no ambiente de trabalho); 
* Proteção Ambiental (apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais, promover a responsabilidade ambiental, encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente); e 
* Corrupção (combates a corrupção em todas as suas formas). 

- A Norma SA8000 é um certificado com objetivo de certificar as empresas que contam com seu sistema gerencial voltado para projetos de RS. Estabelece um modelo de gestão da RSC relacionados ao: trabalho infantil, trabalho forçado, saúde, segurança, liberdade de sindicalização, direito de negociação coletiva, discriminação, práticas disciplinares, horas de trabalho, remuneração. 

- O Instituto Ethos atua apoiado nos seguintes indicadores: 
* Valores e transparência (formam a base da cultura de uma empresa); 
* Público interno (não se limita a respeitar a legislação trabalhista, deve ir além e investir no desenvolvimento pessoal e profissional de seus empregados); 
* Meio ambiente (a empresa deve gerenciar suas atividades de maneira a identificar os impactos que causa ao meio ambiente, buscando minimizar os negativos e ampliar os positivos); 
* Fornecedores (envolver-se com seus fornecedores e parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento de suas relações de parceria); 
* Consumidores e clientes (exige da empresa o investimento permanente no desenvolvimento de produtos confiáveis, minimizando os riscos à saúde das pessoas em geral); 
* Comunidade (a comunidade contribui decisivamente para a viabilização dos negócios); 
* Governo e sociedade (deve se relacionar de forma ética e responsável com os poderes públicos, cumprindo as leis e visando a melhoria das condições sociais e políticas do país).

A RSC pode ser voltada para diversos públicos (empregados, comunidade, alunos, etc); ter vários objetivos (internos, com foco no público interno; ou externos, com foco no público externo), incentivar o voluntariado corporativo na empresa; ser centrado em vários problemas sociais, formar uma rede social.


- Os principais modelos de gestão da RSC: Modelo de Lipson; Modelo de Prakash Setti e Modelo de Davis.

- Modelo de Lipson: Para ele são os cinco elementos que tornam a empresa socialmente responsável: Incorporação das metas sociais ao processo anual de planejamento; 
Busca de normas comparativas para programas sociais; 
Prestação de contas das atividades de RS da empresa; 
Uso de diferentes modelos e com objetivo de avaliar o desempenho social da empresa; e 
Avaliação dos custos das ações de RS, bem como o retorno dos investimentos em programas e projetos sociais.

- Modelo de Davis (Keith Davis): Diz que 
A RS nasce do poder social (a empresa tem grande influência e poder sobre temas sociais); 
As empresas devem funcionar como um sistema aberto, recebendo informações da sociedade e informando-a sobre suas ações (deve interagir com a sociedade); 
Os custos e benefícios sociais de uma atividade devem fazer parte dos processos de decisões empresariais; 
Os custos sociais das atividades devem ser repassados aos consumidores; 
As empresas, assim como os cidadãos, tem o compromisso de se envolver com as questões sociais.

- Modelo de Prakash Setti: apresenta três abordagens administrativas para cumprir as obrigações sociais: 
Abordagem da obrigação social (as empresas têm finalidades econômicas e devem cumprir apenas as obrigações sociais definidas em lei); 
Abordagem da responsabilidade social (as empresas devem cumprir seus objetivos econômicos e sociais); e 
Abordagem da resposta social (as empresas devem cumprir suas obrigações econômicas e sociais e também prever problemas sociais e contribuir para a busca de soluções para tais problemas, pois elas devem atuar como agentes de desenvolvimento econômico e social da sociedade em que atuam).

- Modelo dos 7 Vetores da RSC: 
Melo Neto e Froes definem 7 vetores da RSC: 
1. Apoio ao desenvolvimento da sociedade em que atua; 
2. Preservação do meio ambiente; 
3. Investimento no bem estar dos funcionários e dependentes e em um ambiente de trabalho agradável; 
4. Comunicação transparente; 
5. Retorno dos acionistas; 
6. Sinergia com os parceiros; 
7. Satisfação dos clientes e consumidores.

- Modelo de Wood: 
Definiu três níveis de RSC: 
Nível 1 – Princípios de RS (refere a publicação do balanço social e elaboração de um código de ética); 
Nível 2 – Processo de capacidade de resposta social (refere-se a existência de políticas e mecanismo de gerenciamento das relações com os stakeholders); 
Nível 3 – Resultados/ações de RS (refere-se à avaliação do impacto das ações sociais junto aos stakeholders internos – funcionários, acionistas – e externos – clientes, meio ambiente, fornecedores, comunidade).

- Modelo de Michael Hopkins: 
Definiu os seguintes indicadores do exercício da RSC: 
* Legitimidade (existência e divulgação do código de ética); 
* Responsabilidade pública (criação de empregos, contribuição para inovações); 
* Arbítrio dos executivos (adoção do código de ética); 
* Percepção do ambiente (exame das questões sociais relevantes para a empresa); 
* Gerenciamento dos steakholders (relacionamento, políticas, auditoria, relatório de prestação de contas); 
* Administração de questões (políticas, regulamento); 
* Efeitos nos stakeholders (lucratividade, bem estar da comunidade, código de ética, segurança, salários e benefícios, demissões); 
* Efeitos nos stakeholders externos (propaganda enganosa, relação com clientes e consumidores); 
* Relação com fornecedores; 
* Efeitos institucionais externos (processos por ações clássicas, melhorias nas políticas públicas e legislação).

- Modelo de Carroll (Os Degraus de RS): 
Modelo baseado nos diversos tipos de responsabilidade assumidos por uma empresa: 
1º degrau - Responsabilidades legais (das quais derivam as outras, referem-se ao cumprimento das leis e regulamento do governo); 
2º degrau - Responsabilidades éticas (adoção de padrões de conduta aceitável no relacionamento da empresa com seus stakeholders – empregados, clientes, fornecedores, governo, sociedade); 
3º degrau - Responsabilidades econômicas (refere-se a busca incessante do lucro);  
4º degrau - Responsabilidades filantrópicas (refere-se a realização de ações sociais em beneficio da sociedade).

- Modelo de Logsdon e Yuthas:
Os autores definem três tipos de abordagens da RSC que podem ser utilizados pela empresa:
* A abordagem pré-convencional: ocorre quando o foco da empresa é voltado para si próprio; sendo assim, despreza as relações com seus públicos externos;
* A abordagem convencional: o foco da empresa encontra-se nos parceiros e no cumprimento restrito da legislação vigente;
* A abordagem pós-convencional: a empresa adota princípios éticos universais e sua ênfase está na promoção do bem-estar dos empregados e demais stakeholders (governo, acionistas, comunidade etc.).

Nenhum comentário:

Postar um comentário